As lutas são disputas em que os oponentes devem ser
dominados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização
ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa.
Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de
violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de luta as brincadeiras de
cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do
judô e do karatê.
Seja para
a autodefesa ou mesmo para condicionar-se fisicamente, as lutas sempre
estiveram presentes na natureza através dos animais e do ser humano. Desde a
pré-história o homem utiliza-se da manifestação corporal lutas para diferentes
objetivos e situações, por algo ou para algo. Luta para sua sobrevivência
caçando, fugindo, nadando, criando estratégias para aquisição de alimentos e
outros. A partir das armas criadas para caça como a lança, o cipó, ou mesmo
arremessar pedras, foram criando-se um novo significado para estes utensílios,
ou seja, foram se aprimorando para ganhar mais eficiência nos ataques e defesa.
As lutas se manifestaram como recursos de sobrevivência, artifícios de batalha,
rituais religiosos, exercícios corporais, etc.
Os
historiadores registram que a luta era parte integrante da educação ateniense,
porque era consenso que as crianças e os jovens tinham que se preparar tanto
para a paz quanto para a guerra.
CAPOEIRA
História e origem
Raízes africanas – a história da capo
eira começa no século XVI, na época em que o
Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito
utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de
açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de
Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas
danças ao som de músicas.
No
Brasil – ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de
desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores
brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos
senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos
capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
Os
senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta.
Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas,
adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial
disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e
física dos escravos brasileiros.
A prática
da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de
dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da
cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física.
Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na
época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano
de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como
uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender
os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista
brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio
Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte
nacional brasileiro.
Os tipos principais de capoeira
Capoeira Angola – mais tradicional, é o
estilo de capoeira que veio de Angola trazido pelos escravos negros. Tem um
modo de dança muito detalhista, no qual os movimentos são muito lentos, num
ritmo bem devagar. Por isto, é vista mais como dança do que luta. A roupa de
quem pratica é calça marrom e camiseta
amarela com o símbolo do grupo. Neste estilo, a roda é muito silenciosa. Apenas
os cantores cantam. O mestre mais famoso, praticamente o guru deste tipo de
capoeira, é Mestre Pastinha.
Capoeira Regional – estilo mais praticado hoje em dia, foi adaptado pelos
brasileiros. A capoeira Regional surgiu na Bahia, onde recebeu este nome. Este
estilo tem movimentos mais agressivos, o que o leva a ser comparado muito mais
com arte marcial do que com dança, como é o caso da capoeira Angola. Joga-se
muito rapidamente, e com golpes violentos.
A roupa
de quem pratica deve ser toda branca, seguindo o pensamento de que um bom
capoeirista nunca se suja. Nesta roda, todos cantam e batem palmas no ritmo
acelerado da música. O mestre que oficializou este tipo de capoeira foi Mestre
Bimba.
Mas a
capoeira Angola e a Regional têm alguns princípios em comum. Em ambas, quem
joga sempre deve começar cumprimentando o parceiro "ao pé do
berimbau" — ou seja, agachado perto do instrumento. Quem joga deve estar
limpo, "decentemente trajado" e jamais sem camisa.
Instrumentos da roda de Capoeira
Berimbau – é um arco musical originado de outros
arcos de regiões africanas. A forma atual e o modo de tocar são construções dos
afrodescendentes brasileiros.
O
instrumento é composto pela verga de biriba, corda de aço, cabaça raspada,
courão e caro. O courão impede que a corda rache a biriba e o caro é o barbante
que ajuda na amarração da corda. É tocado com a baqueta e o dobrão (uma peça de
metal, antigamente uma moeda), com acompanhamento do caxixi.
Há três
berimbaus na Capoeira Angola: O Gunga (de som mais grave, que faz a marcação do
toque e rege a roda de capoeira), o Médio e o Viola (de som mais agudo).
Caxixi – é
um pequeno cesto com sementes. Tem, possivelmente, influências africanas e dos
indígenas brasileiros em sua construção. Usado com o berimbau, dá um segundo
momento no ritmo da baqueta no fio de aço.
Atabaque – é um tambor de origem afro-brasileira
com uso tradicional em rituais de candomblé. Na Capoeira Angola, é tocado só
com as mãos e acompanha o berimbau Gunga na marcação do ritmo do jogo.
Pandeiro – é de origem asiática e era usado pelos
portugueses, em Portugal e no Brasil, em procissões. Depois passou a ser usado
aqui em várias manifestações musicais.
Na roda
de Capoeira Angola, a batida no pandeiro, com floreios, acompanha o som do
caxixi.
Agogô – é um instrumento de origem africana. Tem a
função de ser um contraponto rítmico aos berimbaus e ao atabaque.
Reco-reco – Instrumentos de percussão fina
enriquecem um conjunto com detalhes e variedade sonora. Na Capoeira Angola, o
reco-reco acrescenta esta variedade às vibrações únicas do agogô.
O
reco-reco parece ter origem africana pois é encontrado em várias manifestações
culturais afro-brasileiras.
Todos os
grupos humanos possuem os seus próprios instrumentos musicais, mas também
encontramos intercâmbios, influências e bases comuns. "Fazedores de
barulho" harmônicos, como os reco-recos e chocalhos, são encontrados em
muitos grupos, associados à alegria e às ligações espirituais.
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