A musculação é hoje a segunda atividade física mais praticada no Brasil,
segundo pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde. De fato, essa modalidade tem
indicação para jovens, adultos e idosos, uma vez que promove uma melhora da
força, da circulação e do equilíbrio. Como os músculos consomem muita energia,
a prática de exercícios resistidos ainda leva a um gasto calórico e, para
completar, resulta num aumento da massa muscular, também chamada de massa
magra.
De olho nesse último benefício, muitos homens não se contentam com os
resultados obtidos com o treinamento e recorrem a esteroides anabolizantes, que
são os mais comuns, assim como ao hormônio do crescimento. Para ter uma ideia
da frequência desse uso, um em cada 16 estudantes já utilizou tais substâncias,
de acordo com levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia.
Feitos a partir do hormônio testosterona, os esteroides causam, sim,
hipertrofia muscular, mas trazem uma série de efeitos paradoxais, ou seja,
contrários ao que se esperaria de um hormônio masculino, como crescimento das
mamas, redução dos testículos, disfunção erétil e diminuição dos
espermatozoides.
Isso ocorre porque, quando recebe muita testosterona artificial, o
organismo a transforma em estrogênio, um hormônio feminino, por meio de um
processo denominado aromatização, capitaneado por uma enzima. O excesso desse
tipo anabolizante também bloqueia a secreção de dois hormônios que estimulam os
testículos a produzirem espermatozoides e testosterona natural.
Os efeitos, porém, não se restringem aos sistemas reprodutivo e
endócrino, mas se espalham pelo organismo. Os esteroides ainda provocam acne
importante, calvície e problemas no fígado, inclusive tumores, assim como
efeitos que favorecem doenças cardiovasculares, como aumento da pressão
arterial, elevação do colesterol, retenção de líquido no organismo e
formação de coágulos, sem contar ainda as alterações de comportamento, a
exemplo de agressividade e alucinações.
Já os anabolizantes à base de hormônio do crescimento (GH) sintético,
também conhecidos como somatropina, produzem aumento da massa magra e queima de
gordura, mas igualmente à custa de riscos relevantes. Na prática, seus efeitos
vão desde o surgimento do diabetes do tipo 2 e de reações alérgicas graves até
o desenvolvimento de tumores malignos, alertam os especialistas.
USO CLÍNICO DOS ANABOLIZANTES
É importante salientar que a testosterona sintética tem uso clínico, mas
em condições muito particulares. Entre elas, destacam-se os casos de
deficiência do hormônio masculino, de desnutrição grave que causa emagrecimento
muito rápido e no pós-operatório de grandes cirurgias que provocam desgaste
físico, entre outras (poucas) situações.
O GH, por sua vez, só é empregado em pacientes com deficiência na
produção desse hormônio na infância e em determinadas síndromes genéticas em
que podem promover um melhor crescimento para as crianças. Para a finalidade de
hipertrofia muscular, vale o grifo, os médicos não prescrevem esteroides nem
GH.
É possível, no entanto, associar ao treinamento a ingestão de
suplementos alimentares, que estimulam os músculos sem acarretar prejuízos ao
organismo, desde que usados corretamente, ou mesmo seguir uma dieta com
alimentos que comprovadamente ajudam a formar massa magra. Converse com um
médico ou com um nutricionista e descubra o que fazer para atingir seus objetivos
nos treinos de musculação.
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